quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A morte que gera a vida

     Após percorrer lindos prados e pradarias sem fim, o homem, tal como lobo solitário em solitude, reclinou-se a cabeça numa pedra debaixo de um velho zimbro retorcido e pôs a si mesmo num espírito contemplativo e  trouxe à mente lembranças e memórias valorosas e outras sem o menor valor. O sol voltou a esconder-se por de trás de densas nuvens e o vento fez sua curva para o aquém e mudou sua direção; enfim, tudo mudou. Os amigos, amores, pesares, sorrisos, lágrimas, dúvidas, vergonhas, sons e toques; nenhum desses se fazem presentes. O vento gélido toca seu rosto, o homem pondera e eleva os olhos para o alto. Nada. Nenhum sinal do sol, senão o achegar-se de mais um inverno existencial.
    Quando o inverno bate à porta, qualquer arvoredo põe-se a recolher, entretanto lá estava o velho zimbro perdido em meio aos campos distantes e pálidos; o homem continua reclinado à sua companhia. O fato é que as vozes, sons, toques, cheiros, discursos e silêncios ainda os preservam a essa condição de lobo solitário a trilhar seu caminho de volta para casa. Tal lobo, não é um inimigo de ovelhas, senão mais um lobo buscando ardentemente sua identidade de ovelha. Tal como a lagarta que se recolhe à solitude e solidão para que desse processo de morte, venha gerar a vida de uma borboleta repleta de ânimo e cores bailante em altos céus. São tempos de morte. Morte que gera vida. São tempos de recolhimento. São tempos que muitos ao redor podem não compreender. São tempos que se fecha os olhos. São tempos que se olha para a glória. São tempos de tomar rumo no caminho de volta para casa.

Now no one can look at the sun, bright as it is in the skies after the wind has swept them clean. Out of the north he comes in golden splendor; God comes in awesome majesty. 
Job 37:21-22


Wesley Santos


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Homecoming




E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
Lucas 15:20

domingo, 12 de agosto de 2012

Gratidão à paternidade;

      Pai, hoje é mais um dia daqueles que nos impulsionam a uma reflexão de alma sincera e leal. Mediante a tudo isso, sou levado ao um estado de ponderação que me faz perceber o quão bom é poder te ter ao meu lado no momento do conselho, da instrução, da ventania e da bonança, de trevas e de entendimento e nas ocasiões que nos é possível compartilhar histórias, canções, velhas piadas, risadas e compartilhar também nossas lágrimas. Lágrimas tais que nos moldam e nos livram do pesadelo de uma vida não vivida. Lágrimas, quer sejam de tristeza ou de alegria, que expressam de forma mais sublime que a vida realmente vale a pena ao lado de quem amamos. O fato é que essas lágrimas sempre nos acompanharão ao longo da vida, nos reencontros ou nas despedidas; no nascer ou no partir,  nos olhos que vazam lágrimas em tempos de aflição ou nos olhos lacrimejantes depois de boas gargalhadas. E por mais que eu tente evitar, mais uma vez essas velhas amigas transpassam a minha alma e deixo-as correr rosto a baixo, afinal reter é perecer e aprendi contigo, meu velho pai, que elas não devem ser poupadas. Por isso, regado por lágrimas e lembranças que insistem em vir à tona, quero te agradecer por cada momento e por me fazer entender aquilo que eu jamais descobriria por mim mesmo, que é a alegria de ter um pai. Os poucos anos que tenho convivido nessa famigerada escola da existência me ensinaram que o tempo é senhor da razão e que a vida é, de fato, uma caixa de surpresas; por isso antes que fio de prata venha a romper-se, antes que sol se ponha, antes que pó volte à terra, antes que a vida coloque o temido ponto final em si mesma, quero estar ao teu lado trilhando o caminho que nos foi proposto, para ao fim de tudo recebermos juntos o galardão e contemplarmos que, apesar de todos os pesares, nada disso foi em vão.


E como dizia a canção:
"Pai, eu não faço questão de ser tudo, mas só não quero e não vou ficar mudo para falar de amor pra você."

P.s: Não importa a distância ou tempo, levar-te-ei comigo por onde quer que eu andar. Sabe, terei muitas histórias boas que passei ao teu lado para contar aos meus filhos.
P.s²:  Na solidão e na solitude da madrugada tudo faz sentido.
P.s³:  Obrigado por tudo, pai. Eu te amo.



Wesley Santos

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Árvore Generosa - The Giving Tree (Shel Silverstein)


          Era uma vez uma Árvore que amava um menino.E todos os dias, o menino vinha e juntava as suas folhas. E com elas fazia coroas de rei. E com a Árvore, brincava de rei da floresta. Subia no seu grosso tronco, balançava-se em seus galhos! Comia seus frutos.e quando ficava cansado, o menino repousava à sua sombra fresquinha.O menino amava a Árvore profundamente. E a Árvore era feliz!

          Mas o tempo passou e o menino cresceu! Um dia, o menino veio e a Árvore disse:"Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos, repousar à minha sombra e ser feliz!""Estou grande demais para brincar", respondeu o menino. "Quero comprar muitas coisas. Você tem algum dinheiro que possa me oferecer?""Sinto muito", disse a Árvore, "eu não tenho dinheiro. Mas leve os frutos, Menino. Vá vendê-los na cidade, então terá o dinheiro e você será feliz!"E assim o menino subiu pelo tronco, colheu os frutos e levou-os embora. E a Árvore ficou feliz!
          Mas o menino sumiu por muito tempo. E a Árvore ficou tristonha outra vez. Um dia, o menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua alegria, e disse: "Venha, Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos e ser feliz.""Estou muito ocupado pra subir em Árvores", disse o menino. "Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos e para isso é preciso que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?""Eu não tenho casa", disse a Árvore. "Mas corte os meus galhos, faça a sua casa e seja feliz."O menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os embora para fazer uma casa. E a Árvore ficou feliz!
             O menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar."Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "venha brincar!""Estou velho para brincar", disse o menino, "e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me leve pra bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?""Corte meu tronco e faça seu barco", disse a Árvore. "Viaje pra longe e seja feliz!" O menino cortou o tronco, fez um barco e viajou. E a Árvore ficou feliz, mas não muito!
            Muito tempo depois, o menino voltou."Desculpe, Menino", disse a Árvore. "não tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram.""Meus dentes são fracos demais pra frutos", falou o menino."Já se foram os galhos para você balançar", disse a Árvore."Já não tenho idade pra me balançar", falou o menino."Não tenho mais tronco pra você subir", disse a a Árvore."Estou muito cansado e já não sei subir", falou o menino."Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou apenas um toco sem graça. Desculpe ... ""Já não quero muita coisa", disse o menino, "só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado.""Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e descansar.Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse". Foi o que o menino fez. 

E a Árvore ficou feliz.





quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Se tiveres tempo

Se tiveres tempo olhe para os lírios
Que nascem tão lindos nos prados e montes
Se tiveres tempo olhe os passarinhos
No seu vôo livre na amplidão dos céus
Pois a vida passa, passa de repente
Levando essas horas, essas horas lindas
Levando embora o que foi pra sempre
Foi-se na distância
Hoje são lembranças que não voltam mais
Se tiveres tempo olhe o pôr do Sol
A noite se aproxima, tudo tem seu fim
Se tiveres tempo ame e abrace
Pois tudo se vai e não volta mais
Se tiveres tempo olhe para a cruz
A tanto te espera o Senhor Jesus
Pode ser que o tempo te dê tempo ainda
Se hoje decidires, se hoje decidires a seguir Jesus


Elias Maia