domingo, 10 de agosto de 2014

Sol da Justiça


No tic-tac do relógio velho que bate descompassado, a madrugada não se demora em passar. O sol em breve retornará. Na alma notívaga, a velha sensação de que não há nada novo de baixo do sol e de que os dedos se vão mas os anéis permanecem. A velha lua, o velho chão, a velha cicatriz e o velho rosto no espelho. Em que pese a escuridão, a madrugada traz à luz o que a alma reluta em esconder durante o dia.

Nessa sina, o caminho é só de ida e os ensaios já não nos são permitidos.  Ao que parece, neste teatro da existência, os tempos são maus e a alegria não passa da tristeza desmascarada, uma vez que o mesmo poço que dá lugar ao riso, por muitas vezes já foi preenchido com lágrimas, de modo que a tristeza repousa no berço esplêndido sob o qual já pairou o teu maior deleite. Choro e riso são sinais da vitalidade de quem aguarda o amanhecer. Pesa em teu peito saber que a justiça não prevalecerá nestes dias. Teimas. Sentes que envelhece e falas menos, persistindo em perscrutar o insondável. E nas, palavras do poeta, percebes que o teu retrovisor se embaça, mas nele ainda espelhas as memórias que te dão esperança.

A vida, contudo, não aguarda reposições e o sol está prestes a nascer. O sol da justiça virá e trará tudo novo. O velho medo dará lugar à fé; a velha dor dará lugar ao riso; a velha condenação dará lugar à absolvição; a velha morte dará lugar à vida. O velho será aniquilado pelo novo. O pródigo retornará ao lar, o peregrino retomará a caminhada que lhe foi proposta.

Por ora, ao raiar da aurora, a vida te chama e a tua vocação não teme o duro chão da existência. Revogando os decretos do destino, obedecerás a voz que diz que o teu tempo se chama hoje. Correndo, andando, tropeçando, caindo e levantando, seguirás o caminho que te foi proposto, sabendo que o sol que ilumina o teu caminho decidiu brilhar no teu interior.




Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça 

Malaquias 4:2


n'Ele em quem serei o que ainda não sou

Oppositer

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