domingo, 1 de dezembro de 2013

Volta para casa!

Perdoem-se o disparate. Quero pessoas de alma, pois a vida é curta e paulatinamente rara. Deus me livre das desalmadas. Humanos sem humanidade. Numa selva de pedra todo fluído da alma se faz escasso. Artificialidade é o nosso lema e bordão. Quero explodir as grades. Contemplar a chuva serôdia, o cheiro de terra molhada, a lua que reluz em timidez e sol que se oculta no crepúsculo solitário. Rever meus amigos e abraçar meus inimigos. Perder-se para encontrar a si mesmo. Abrir mão de pecados, caprichos da ilusão, sórdidos desejos e vontades asquerosas a fim de que o profeta volte a profetizar, o poeta a escrever e a alma torne a cantar.


Oppositer

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Seguir-te



"Por muito tempo meu espírito aprisionado permaneceu nos grilhões das trevas e do pecado.
Até que de teu olhar veio o raio vivificador e despertei do meu calabouço em pleno fulgor.
Os grilhões se romperam, meu espírito foi liberto.
Levantei-me e passei a seguir-te de perto." 

John Wesley (1703 -1791)

sábado, 2 de março de 2013

Adeus, povo de Decápolis!


               Eis aqui Cícero, o jovem velho, eterno peregrino à procura do lar, filho de humanos ordinários e órfão dos privilégios da vida. Após uma vida vivida no conforto do seu desconforto, lamentando os males que afligem todo indivíduo debaixo do sol, Cícero caiu em si e percebeu que a hora de chegar havia partido. Fitando os olhos na velha cidade, bradou: Adeus povo de Decápolis!
                Toda e qualquer despedida não é, de modo algum, um momento agradável. As memórias vêm à tona, atropelando uma sobre a outra, de modo a remontar lugares, cenários, cheiros e sentimentos. Mas não há mais tempo para o jovem Cícero. As lembranças surgem como facas de dois gumes que cortam a dilaceram as entranhas da alma nua.  Ao contemplar os verdes pastos e colinas distantes, Cícero encontrou-se consigo mesmo; em cada rua e em cada esquina Cícero deixou um pouco de si; em cada luar e em cada noite em claro, o notívago compôs canções que ouvidos jamais ouviram; aos colegas, o coração externava a gratidão de comporem a platéia em torno ao solitário púlpito da existência; aos amores, a alma, tímida e verdadeira, relembrava os dias de paixão que se consumiram como os ramos da sarça ardente. Não foram poucos os pedaços da alma que Cícero espalhou por Decápolis, e muitos eram os filhos dos seus aborrecimentos que bailavam desnudos ao som dos bramidos dos dias mal vividos e do bem não realizado, que perambulavam sorrateiramente no sempiterno ecoar dos seus pesares.   
                Entretanto, não lhe é tarefa símplice desfazer de suas mazelas sem ao menos sentir as dores oriundas dos cismas de uma despedida. Não é mera roupa que se troca no dia que o vento gélido sopra, mas é despir-se da própria pele arrancando-a com as mãos. De muito bom grado levaria tudo e todos para a próxima parada, mas como fazê-lo? Cícero, então, relembra os contos proferidos por um velho andarilho que passara por Decápolis afirmando:

A vida é como é um barco. Apesar de projetado para navegar, o barco encontra alento e segurança atracado nos portos e nas encostas; entretanto, o barco não fora projetado para permanecer no porto, senão para zarpar e enfrentar os bravos mares e os ventos impetuosos a fim de desbravar novos horizontes. Na vida, encontram-se muitos portos seguros, a saber, a família, os amigos e os amores, tendo cada um deles a sua excelsa função, porém nenhum deles pode impedir o barco de partir. Por isso, navegue, filho meu! Enfrente as altas vagas e alcance o fim do arco-íris antes que a ferrugem e a velhice te corroam os ossos e a melíflua alegria de possuir fôlego de vida. Navegar é preciso, porquanto navegar é viver.


                O trem se aproxima trazendo consigo estranhos jamais vistos, afinal, a vida é um grande castelo de destinos que se cruzam.  O apito solitário em meio à tarde de inverno anuncia o fim de uma etapa. Despindo-se do passado, Cícero adentra o trem e parte para nunca mais. A separação se confunde com o encontro, assim como o anoitecer se funde à luz da aurora. Cícero, fitando os olhos em Decápolis, falou em alta voz: se, por ventura, nos esbarrarmos  outra vez nas esquinas da vida ou da memória, conversaremos de novo e ouviremos a velha canção que diz que a vida é repleta de despedidas.
 Adeus, povo de Decápolis! 






Oppositer

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Nível Raso


Vive-se num tempo em que as bem aventuranças não passam de mero adereço decorativo. Procura-se novas "unções", novos "profetas" e formas de barganhar com Deus. É um medievalismo pós-moderno; obnubilação de massas e mentes sem paz e sem Cristo. O cenário é desanimador, entretanto, creio que ainda há aqueles que não se dobraram aos famigerados modismos, aqueles que ainda veem em Deus um Pai; aqueles que, pouco a pouco, livram-se de uma natureza ensimesmada e servem verdadeiramente ao próximo, seja crente ou pagão, de direita ou de esquerda, homo ou hetero, bandido ou prostituta, grego ou troiano, com graça e verdade; ainda há aqueles que entoam hinos que, talvez não estejam no top 10 das paradas gospel, mas por sua sinceridade e singeleza de coração, numa maneira ainda que estabanada mas genuína ou falha e incompleta mas em constante regeneração, conseguem fazer o Pai sorrir, pois afinal entenderam o significado de "a minha graça te basta". É tempo de voltar e redescobrir que maior é o que serve do que aquele que é servido; que é infinitamente melhor o dar do que o receber; e é maior aquele se torna menor. Que o Eterno nos livre desse cristianismo raso, fraco e mesquinho para que possamos viver o escândalo da Graça em novidade de vida.



Oppositer

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Discurso de formatura


Aos Pais;
                Pais e mães aqui presentes; ora, é chegado o grande momento, o dia que marca o fim e também o início de uma nova jornada. Diante disso, gostaria que das minhas palavras fossem feitas palavras de todos os formandos presentes aqui hoje. Que cada pai e cada mãe ouvissem em minha voz a voz de seu filho.
                Não nos é tarefa símplice discorrer sobre tão grande amor que nós, filhos e filhas, temos por vocês. Ao longo da vida, muitos sentimentos permeiam e transpassam nossos corações, entretanto nenhum desses sentimentos é de se comparar ao amor que por vocês nos foi dado. Agradecidos pelos ensinamentos, pelas repreensões, pelos conselhos, pelas admoestações, por todas as vezes que choramos e vocês lá estavam para nos amparar e consolar em meio à angústia, por nos ensinar a andar, correr, saltar, falar, economizar a água, jogar o lixo no lixo, respeitar um “não”, pedir desculpas e a perdoar. Quantas vezes vocês deixaram de realizar seus próprios sonhos para que os nossos fossem realizados e quantas vezes vocês choraram conosco, sofreram conosco, sorriram por nossas alegrias, torceram por nós e orgulharam-se de nossas conquistas como se fossem suas próprias.
                O tempo passou e é claro que passaria; há muito já não somos mais a mesma criança que corria pela casa, usava suas roupas e esperava atrás da porta para lhes assustar. Olhem só, o tempo  passou porquanto a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados, antes segue o seu caminho de acordo com a vontade do Autor da Vida e da Existência. Já não cremos mais nos super-heróis da TV, hoje, mais do que nunca, sabemos que os nossos maiores heróis sempre estiveram ao nosso lado e são vocês, pais, os merecedores da nossa gratidão.
                A todos vocês, quer sejam biológicos ou adotivos, ausentes ou presentes, externamos nossa eterna honra e carinho. A vocês que nos conhecem como ninguém, levantamos nosso brado de gratidão.
Amamos vocês!

Oppositer
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Ao meu amigo...

Queria ser sincero em te falar
que tudo é para sempre;
queria ter razões para acreditar
que o destino navega a favor da gente
grande amigo que se foi 
é tão difícil aceitar
às vezes é tudo tão injusto
mas é preciso caminhar;
ficam as velhas conversas
papos felizes sobre a vida
planos futuros e descobertas
e o fato em contra partida;

grande amigo eu bem sei
que eu preciso aceitar
tudo passa e hoje eu sei
que é preciso continuar;

é tudo assim..tudo vai entre começo e fim
o mundo cai...você foi tão jovem
tantos planos e decisões para tomar
e por mais que me expliquem e me provem
eu ainda não consigo acreditar

meu grande amigo, nunca vou esquecer
ainda vive em meu pensamento
boas conversas entre você e eu
tudo passa meu amigo;


Esteja em paz onde estiver
Você sempre estará comigo
em minha paz e no que vier
pega teu skate e vá em paz.

Péris Santos